18 de junho de 2009

Chegando no Mali

Estou no Mali só há 10 dias e não sei como começar a contar minha chegada. Certamente, se estivesse escrito todos os dias, os textos seriam corretamente contraditórios. Estou hospedada na casa da Maria Diarra, diretora do Institute pour l'Education Populaire, com toda a sua família – que criou seus vínculos mais em função da educação do que do sangue. É no pátio em que tudo acontece: desde de cedo a comida é preparada, todos ajudam a cortar cebola, alho e outros temperos; é também onde todos almoçam sentados em círculo em torno de uma grande panela sempre com muito arroz e alguma carne; onde acontecem as brincadeiras das crianças e, no final do dia, o pátio é ocupado pelas aulas de matemática. Ao redor ficam os quartos e banheiros.

Nos primeiros dias, comendo separada dos outros, sendo servida o tempo todo pelas crianças e tentando convence-los de que de fato eu sou brasileira, fiz o que me pareceu familiar: brinquei de elástico e de damas com as crianças, descasquei alho e fiquei papeando com as mulheres que ficam o dia todo na casa.

A casa fica na cidade de Kati, à 15 km de Bamako. Chão de terra batida, flamboyant, mangueira, gente simpática e colorida. O ritmo é de cidade do interior, todos se cumprimentam e, para pedir qualquer informação, há uma introdução de ao menos 15 minutos para qualquer conversa. Faz parte do roteiro dar bom-dia, perguntar se está tudo bem, se a saúde está bem, a família e, por fim, se a cidade de onde você vem (no meu caso o país) está bem. A minha diversão durante essa semana foi pedir informação na rua, apesar da cidade ser minúscula e praticamente impossível de se perder, só para puxar assunto.

Cerveja e música, só em Bamako. Há duas possibilidades para chegar lá: minibus e carro. O minibus é uma perua que pára em todos os lugares para pegar as pessoas (e a bagagem que nunca é pouca) e demora cerca de 1 hora para chegar. O carro é chamado de 7 places pois no lugar do porta-malas colocam outros 3 lugares. Aqui o 7 places tem 10 places: 3 pessoas na frente, 4 no meio e 3 atrás. Quando o carro lota, vai direto à capital. Os carros normalmente não têm acabamento, do lado de dentro a gente vê toda a lataria externa, não tem estofado, nem pino para abrir a porta. Mas têm um cobertor colorido no direção e o vidro da frente, uma caneca pendurada no espelho retrovisor junto de uma freqüente bandeira dos EUA.

Fui para Bamako seis vezes nesses dez dias, tentei tirar algumas fotos, mas concluí que a capital do Mali não tem enquadramento: um grande mercado, cheio de motos, carros, minibus lotados e gente por todos os lados. A cidade está em construção, as obras começaram há 15 anos e não vão terminar tão cedo, já estão ocupadas por famílias, comerciantes e indústrias e não há interesse algum em terminar as obras que são tarifadas após a sua finalização.

Enfim, vou chegando de mansinho, curtindo as primeiras experiências.

5 comentários:

Marinoca disse...

E vai vento!
Muito bom o relato. Continue!
beijooooooooooo

Unknown disse...

Caroooool!!

adorei o blog, vou seguir sempre suas andanças por aí... O relato está ótimo também, dá para imaginar bem todo o cenário desc rito por você. Fico pensando que não há experiência de vida e cultura maior do que esta, por isto aproveite muito e sempre poste aqui suas percepções para dividirmos um pouco deste mundão com vc!

beijos, GIU

analeo disse...

Carol, que incrível. Consegui imaginar e ver toda esta história que você contou. Quantos aprendizados. O bom é que você está compartilhando com a gente. Avise quando tiver novas histórias! Agora vou ver as fotos! Bjão, Ana.

Unknown disse...

Adorei!

Ju Borges disse...

vale comentar mais de seis meses depois? devagarzinho eu vou lendo algumas coisas e adorando o seu jeito de escrever, carol! O história dos 7 places é mto boa! bjs