17 de junho de 2009

Círculo de Histórias no Mali

Freestyle. Essa foi a expressão que 2 francesas usaram quando contei minha experiência no consulado do Mali na França. Entrei na base do empurra-empurra - como todo mundo - para dentro do escritório, desisti de uma fila que 2 malienses discutiam se eu deveria ou não pegar, saquei minha senha e solicitei meu visto. Quando ia para o Mali, um dos passageiros que embarcaria comigo - ao saber sobre o cancelamento do vôo - cansou da fila, inaugurou uma lista de espera e entregou para a funcionária da companhia aérea. De novo empurra-empurra para colocar o nome na lista. De novo, freestyle.

Aqui no Mali, ainda não tinha vivido essa primeira impressão até fazer o círculo de histórias. Histórias envolventes e contadores caprichosos, não conseguia conter os comentários sobre os fatos e cada história era complementada pelas histórias dos ouvintes. Também não emplaquei o limite de tamanho do texto (uma das histórias tem 5 páginas!). Terminamos a oficina numa segunda-feira e na quarta já fazíamos outra com 21 jovens. Insisti em vão para que lessem o texto sobre a metodologia do círculo e foi sem anotação, sem perguntas e sem sistematização que fizemos mais 3 círculos excelentes!

Grande parte das histórias fala sobre a educação no Mali: principalmente no que se refere à língua e ao acesso à escola. O ensino na língua materna é recente: até pouco tempo atrás as aulas eram apenas em francês e as linguas maternas são o Bambara, Dogon, Sonkai, Fulfuldé e o Tamashek. Recentemente, o governo decretou a obrigatoriedade da incorporação das línguas maternas nas escolas, mas por enquanto isso é realidade apenas na área central do país, onde falam bambara. Num país em que somente 20% da população é alfabetizada, escrever em francês e falar na língua materna, acaba criando uma diferença enorme entre quem frequenta ou não a escola. Nas ruas é perceptível a dificuldade das meninas em falar o francês. As família preferem enviar apenas os meninos para a escola e as meninas ficam em casa ajudando nas tarefas domésticas.

Abaixo as histórias do círculo que fiz com a equipe do Institute pour l'education Populaire.

Aboubacar Sogodogo

Aissata Dolo

Bawa

Cheik Oumar Coulibaly

Fanta Sy - História em bambara

Fatoumata Sogoré


Ibrahima Guindo

Lazare Coulibaly

Nouhoum Doumbia

Oumarou Ongoiba

Souleymane Balahira

Thera

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